23 de dezembro de 2007

Ao trasmutável

Eram pilhas de versos sinceros
Verdades elaboradas, valores definitivos
Veio a chuva, trouxe o sono
E o que era concreto nos olhos serrados
Encorajante na mente embriagada
Transmutou-se em algo insólido
E trasportou-se para estratosfera

15 de dezembro de 2007

Passos leves

Por três dias fiz-me testemunha de Sidarta e Govinda
Ao passo que redescobri os fragmentos do Album Branco
Em constantes dúvidas dissonantes
Alternando o sóbrio e o ébrio estado dos sentidos
Alimentando-me, contaminando-me
Buscando o que é intrínseco e desperta incredulidade dos céticos
Sempre mais perto, sempre mais profundo
Esbarrando-me constantemente nos vícios do corpo e da alma
Envolto pela imensa e traiçoeira liberdade de significá-los como bem entender
E assim que se mergulha em divino caos diabólico
O livre arbítrio flerta sádico com sua existência durante os passos leves da madrugada

17 de novembro de 2007

Consonante

Peça morta do xadrez
Coça a nuca outra vez
Tenta se encaixar no quadro
No quebra-cabeças não enquadra
De mágico nada tem seu cubículo
Sentado, aproveita o martírio
Deixa logo as cartas pros envelopes
E essa jogatina ao seu submundo torpe
É preferível ser poeta livre
Do que viciado angustiado de baixo calibre

16 de novembro de 2007

O que deve ser

meu espírito empirista vasculha lúcido como pode
tudo o que acha pela frente e digere segundo o que pensa
tento alimentá-lo com o que acho precioso
mas às vezes, muitas vezes, acho insuficiente
nem sempre é tão simples classificar, quem dirá encontrar
num mar de verbos consolidados, entre ações e metáforas
que soam tão verdadeiras quando são fruto de pura mesquinharia
quando apoiar-se em pilares frouxos torna-se inseguro
a melhor opção tonar-se abrir as asas
e voar em direção ao que cheira melhor e soa mais agradável
mesmo que o agradável seja vil ou asqueroso

algumas coisas merecem ser lidas e outras tantas sentidas
já outras pelo contrário precisam sê-lo
o desperdício é sempre uma imbecilidade
já deixar de lado, é algo que faz-se necessário
ter perdido por ter deixado de lado é frustrante
o inverso pode ser tanto sadista quanto piedoso, melancólico
ditos vazios brotam como resposta de atos vazios
e do racionalismo que persiste, diz-me, não só a mim
Faça o que deve ser feito, apenas

Pulsante

os ventos infames faziam ranger
qualquer coisa que sofria barulhenta num canto escuro
a noite havia vestido seu pijama
tudo o mais aos arredores adormecido em tédio,
marasmo de gosto amargo
de súbito o sentido da correnteza altera-se
ascende-se uma fagulha prestes a incendiar
pólvora que carrego sempre comigo

mergulho atroz na atmofesra inerte e congelante
e parece mesmo que não é fora que estão as coisas
conturbados momentos solitários
rumo ao que está mais ao fundo
e contorse ancioso por liberdade
e lutando com algo intruso que implantou-se clandestinamente
a própria liberdade batendo asas para voar
e gritando versos contra o vento que rasga a face
num gracioso conjunto de paços de dança
a Lua não pode ser testemunha
quando a sombra atingiu incríveis sete metros de comprimeto
ou quando acompanhou-me em divino ritual de libertação
botões, moedas, chaves e o amuleto
tornaram-se o chocalho da cauda da serpente
enquanto minha face refletida na janela
soprou-me novas verdades e semeou algo novo em sob minha pele
que agora começa a correr esquentando meu sangue
e ferve enquanto passa pelo miocárdio

Tão doce

Puro aço incadecente em trilhos de ferro fundido
Voa estridente feroz besta raivosa fulminante
Nuvens estouram de explosões violentas de fumaça
Fumaça negra e venenosa que expande e corroe
Devasta quilómetros de viva vegetação verde dos arredores
A Máquina poderosa que tudo pode acaba com milhões de centímetros de vida
Dentro dela dezenas e dezenas de embasbacados ignorantes
Nada percebem do que se passa em seu próprio casulo
- Nada de mal vai acontecer a vocês, meus pobres coitados
Integridade física, completa sanidade do juízo
Lenha na caldeira, fogo para todos os lados
Todos exceto um, transitante entre o que é sano e que é insano
Integridade espiritual, mente conturbada
Maluco, endoidecido, ao olhar pelas gélidas janelas de vidro de alta resistência
Do moderníssimo trêm bestial, patrimônio do desenvolvimento
Se apaixonou por um beija-flor e uma pétala de rosa em acasalamento sublime; tão doce.

12 de novembro de 2007

Cansado?

Há vezes que simplesmente não consigo dormir
São os furos no carpê, o som novo que acabou de chegar
Versos florescidos ou gotas de chuva quente
Coisas pra fazer ou pra pensar, testar e tentar
Por vezes respirar mais devagar ou divagar
Explorar tempos mais claros da madrugada
Soam tão bem no silencio que chega suave
Transbordam pelas superfícies e trasformam
Nunca se é o mesmo depois de uma noite não dormida
Mal dormida pode ser, sofrida quem sabe
Mas os sonhos aparecem mais lúcidos
E é bem melhor que se fica durante

9 de novembro de 2007

Brisa asquerosa

Doce ritmo da vida

De livres elementos transitivos

Mutantes e deslocáveis

Ora natureza de água parada

Ora vento torrencial

O mundo ao alcance dos lábios

Cai súbito à palma das mãos

E do alcance dos olhos fica

somente impregnado da lembraça

Se nem a Lua é imóvel como o Sol

Como haveria de ser com o que

criam os resquícios da poeira estelar?

Dinamismo universal vomita

toneladas de lixo na cabeça

enquanto soa tão agradável

o balançar dos cabelos aos ombros

5 de novembro de 2007

Dicotomia

a simplicidade é a mulher de todos nós

mas no caos é que os abstratos efervem

tornando-se a mãe das criações e ações

simples caos, caótica simplicidade

começo, meio ou fim?

- deve ser sempre meio

mesmo parecendo estar sempre sentado no fim -

não é à toa que todos complicam tudo

quando nada além do apenas fazer era necessário



admito certa paixão à confusão

amo-a, odeio!

ou seria minha antipaixão?

maldita...



mas cara, você não precisa disso!

na dúvida, apenas respire; lentamente.

Cíclico e Contínuo

Partícula em contato
Trasgride, transita, transcende
Fagocita, digere, evolui
Sobe em espiral
Espiral imperfeita,
mas sempre subindo
O que tem no topo?
Não sei se há um topo
E não pode parar de subir
Porque o relógio é relativo
mas é também atômico
Sempre em contato
Por vezes consigo mesmo
Outras com seus semelhantes
Outras com os irritantes
Não gosta dos pólos norte, sul, leste
Leste causa náuseas
Norte é indeferente
Durante o sul, vegeta
Prefere o oeste
No oeste goza
Trasgride, Transita e Transcende
Inevitável, meu caro
É Cíclico
E Contínuo

2 de novembro de 2007

Viva viva

Mas se eu quero, e mesmo que você näo ache täo legal
Esperar até pelas sete da manhä pra ver o sol nascendo
Ou discutir por horas a poética filosofia existencialista pessoal
Ou tomar banho com uma toca de banho
Entäo vá-se, faça-se o que se quiser
Afinal há de ser tudo da lei

20 de outubro de 2007

Sombras estupefadas

Mariposa ébria dança ao redor de minha lâmpada
Acesa durante o crepusculento céu de nuvens alaranjadas
Que despertaram de um sono inócuo de tarde intediante
Rodelas de fumaça simpáticas pairam no ambiente
Envolto por berros poéticos que são transmitidos pelas caixas de som
E as sombras nas paredes se tornam cada vez mais nítidas
Vazio vem soprando constante pela janela e torna tudo abafado
Vinho barato cheiram às proximas horas, extravios da consciência
Anseios e idéias tão presentes se encontram moribundos
E gritam aflitos no canto dos globos oculares
Na retina o que vejo, nos olhos não enxergo
As sombras cada vez mais contrastantes
Passos de dança em lembranças futuras enérgicos com ferocidade
A velocidade da vida parece repousar sem pretensões
A calma e a quietude deixa tudo tranquilo momentaneamente
Que se pode pensar de tudo quando não se quer pensar em nada
E as sombras, as sombras cada vez mais expressivas
- talvez o mais expressivo e forme de agora

14 de outubro de 2007

Chuvinha promíscua e uma série e coisas

Ir a um bar sexta a noite assistir uma banda que nunca haviamos visto; nada assim que soe täo diferente afinal. Fecho o portäo de casa e é quando começa a cair uma chuvinha promíscua. Correndo de cobertura em cobertura, percebo as gotas cairem com mais intensidade e velocidade. Num aconchegante abrigo sob a marquise e usando a chuva como desculpa, fumo um cigarro para depois correr até a porta do bar que sou praticamente vizinho - näo acredito passar de dez os minutos de caminhada lenta. Chegar molhado näo é muito conrtável, mas, enfim, encontrei os três que deveriam estar lá. Uma mesa no fundo? Esta mesa é alta. Olha só, vagou uma na frente. Mesa grande, fica ruim conversar. Percebem que as cosias mudaram dos tempos pra cá? As conversas näo tem a mesma fluidês e espontaneidade que costumavam ter. Espero, penso, näo estarmos nos tonarnando chatos. E que noite estranha se tornou, concluíamos de tempo em tempo até ter nas risadas da tarde seguinte a confirmaçäo. Olhava aos redores desde que cheguei e mesmo insistindo näo enxergava nenhuma pessoa que realmente existisse. Todos ali eram estranhos anônimos - mais tarde alguns mostrariam näo ser de mal gosto. Três uísques e um vinho para mim - um vinho tinto, näo seco! ora, dane-se, ou melhor, beba-se. Algumas cervejas depois a banda sobe ao palco - já conhecemos esse palco, várias vezes hä. As primeiras músicas soaram estranhas, foram umas três. Mas logo explodiram algumas velhas conhecidas, nostalgia comum de quem gosta de velharias. Desculpem os que estavam atrás de mim, mas näo consigo ficar sentado e ouvir Led Zeppelin ao vivo; säo forças opostas. Fiquei simpático àquelas pessoas, baixo, bateria, guitarra e vocais, täo cru e täo groovy. Tocar Doors? Sim, foi o riff mais comum de se ouvir em bandas que tocam covers tocarem dos Doors - mas mesmo assim uma ótima música, ótima. Mas näo, ela se desculpou, cantar Morrison ela näo conseguia. Verdade. Doors cheira à melancólico caos existêncialista trascendental. Melancólico caos existêncialista trascendental com garotas. Näo era noite de Doors. Deixando-os para outras noites, o groove teve seu clímax - ou eu com o groove. Workin from seven...to eleven every night, it realy makes life a drag...quem conhece a música sabe como ela é profunda, e eu sempre me perguntei por que ninguém nunca tocava, pois é, enfim, tocaram. E o Led Zeppelin brasileiro? Elis Regina? Bom, se ela diz...você näo sente näo vê que e eu näo posso deixar de dizer, meu amigo...palmas urros. Noite se passa, rock and roll e risada. Näo, acho que ainda näo viramos chatos, enquanto ainda estivermos vivos pra esse tipo de coisa estaremos salvos. Bom as estranhezas näo ficaram bem explcítas, mas melhor deixar o velho desconfiado, a cantada relâmpago, aquela estrada de barro - näo demoramos tanto näo é mesmo? ou será que foi só impressäo - e os policiais aleatórios - na verdade näo foram eles os aleatórios - para quem tava lá, e para se lembrar muitas e muitas vezes em rodas de cerveja.

O resto do feriado näo foi täo produtivo e a chuva ficou mais promíscua trancando todos em casa. E outra vez, como se numa rotina espaçosa, acaba-se um encontro com o velho mundo, onde nos reunimos como costumavamos fazer, de uma forma cada vez diferente. Sempre nos renovando, sabe-se lá como estaremos amanhä, mas que tenhamos piedade e näo deixemos certo hábitos mutáveis acabar.

10 de outubro de 2007

Fui à padaria comprar pães para comer com as carnes que tinha no congelador. Os pães haviam acabado. Para minha sorte e consolo, achei duas minipizzas no congelador.

Pensamento confuso

pensa-se sobre crenças o cheiro tão bom a fragilidade assim delicada a indiferença um tanto hostil a hipocrisia tão comum pode-se pensar o verdadeiro se é que se sabe o que vale a pena sempre se pergunta o que a alma manda

2 de outubro de 2007

Pule

Pule
pule gritando pro vento que não sabe se vai cair
ele sussurra sem garantir
mas quem poderia saber

Entre as nuvens é onde se quer chegar
talvez acima, quem sabe abaixo
mas algum lugar além no onde se está

Confie nas asas
vento nas pálpebras fechadas
odores e toques

Suas asas e de quem voa com você
às vezes se acaba em colisão
mas então, pule mais uma vez
pois que graça tem viver com os pés enterrados nas dúvidas?

17 de setembro de 2007

Seja o que for

Sendo o que tinha que ser, acabou sendo o que teria que ser parecendo, porém, que não teria que ter sido assim do jeito que foi
Mas que diferença faz agora que já se foi o que tinha que ser mesmo não sendo exatamente como tinha sido pensado para ser
Numa dessa até mesmo parecendo que não era pra ter sido assim teria que ter acontecido sim desse jeito diferente do que não foi
O que resta é esperar que aconteça outra coisa que seja e que aconteça do jeito que tenha que acontecer sendo do jeito que seja

Sempre contínuo

Olhos pra fora, pés no chão; a claridade. Passos e mais passos, cabeça longe. Rostos e mais rostos, tantas faces e cada uma mais anônima que outra. Vento no cabelo, fumaça nas narinas. Inúmeras direções, mas seguir a rotina sempre, afinal não é tão livre assim. Pronto: senta, ouve, faz o que tem que ser feito e rodeado de faces conhecidas. Risos, conversas e o que for; comer, beber algo talvez, fumaça. Volta se estiver na pauta, senta, ouve, faz. Mais risos, mais alguma coisa pra beber? fumaça...Seguir agora o caminho contrário: rostos, passos, o vento. O sol que subia agora já desce. E se continua fazendo o que se tem que fazer. E continua. E deita e dorme e depois continua. E continua. Cíclico. Contínuo.

Minha camisa

um corte de raiva
e uma faixa de paz
uma mancha de paixão
e um risco de vazio
ferida aberta pingando sangue
atadura nos ossos da pureza
fogo nos olhos
luz no olhar
hipocrisia verdadeira
agressividade passífica
guerra harmoniosa
punhalada suave
desejo simplório

tudo assim, escarlate e alvo
vermelho intercalado com branco
e brancos com vermelhos no meio
sem se misturar separa-os uma tênue linha
linha conceitual imaginaria
compoem assim, em fragmentos
fragmentos e fragmentos

16 de setembro de 2007

Dialeto incompleto

cinzas acendem incertas de incensos sonoros curiosos
a lente da mente é inerente, sente que é regente do eminente
o corpo torto do louco como um porco parece oco e fosco
mas a vida que é lida na corrida torna-se ferida se não for acolhida

meus versos são incertos e nada corretos em meu próprio dialeto incompleto
aliterado e letrado torna-me chocado e amaldiçoado
palavras polidas recolhidas pelas praças aparecem e se trasformam
em qualquer coisa que se cria como se criar e escrever fosse só escrever e criar

Vegetalização

Nada, depois, ah
deitado e respirando e só
preguiça...
televisão, computador
alienação, passiva
tem um incenso aceso
e um cigarro na minha mão
não lembro de ter acendido
nem um nem outro
tinha algumas coisas pra fazer
como escrever versos com mais sentido
mas ah, mais tarde...

12 de setembro de 2007

Situando

O que fazer quando se desata todos os nós
ou talvez se amarram todas as pontas soltas
resolvem-se os conflitos um a um
- se é que se pode
seria o ideal
talvez o ideal momentaneo
Continuar crescendo
por mais estático que seja
não parar
ao som das músicas
que sempre estão tocando

Continuando

Versos gratuitos, sentimentos transcritos
Idéias vazando, sensibilidade alterando
Visão metamosfoseando, metafísca influenciando
Tempo passando, mãos suando
Sangue pulsando e o lápis
palavras palavras palavras

Alma alimentada

Por nada

Meu paradoxo de personalidade, tanto me assusta como me faz rir
Prevista catástrofe pra acontecer ou recente já acontecida,
viro pro lado, ou apenas olho pra cima, e rir
Quando meu mundo está parecendo desabar,
continuo tranquilo ouvindo as músicas de sempre
Se consigo o que tanto queria, volto logo pra minha inércia estática
Busca do meu equílibrio? Virtude?
Quem sabe isso ainda acaba comigo
Ou quem sabe só digo isso pelo meu estado de agora

Alguns segundos

Noite desdobrando, entre quatro paredes brancas
eu apenas comigo nestes segundos
pensando nos versos que pensei na rua e não anotei
quem sabe já pousaram no ombro de outro
três tipos de sorriso e um só é o que me interessa
o que sorrio agora pras paredes,
um sorriso que dou pra mim mesmo
sem saber se sei o motivo
sem definir se estou do tamanho da paz
mas a paz está do seu próprio tamanho
tanto ela como eu vivendo nossos longos segundos iluminados

4 de setembro de 2007

Indiferença, raiva, morbidez, efemeridade, fragmentos

Morbidez

Moscas voando sobre o lixo, fumaça pairando sobre o ar - frio e sem vida. No ambiente a bagunça, as coisas que vão ficando pelo caminho e as que se entulham na mesa. Indiferente, o relógio fica anunciando que não vão sobrar muitas horas para o sono. Poderia-se aproveitar para sonhar antes, naquele qualquer mesmo, mas uma falta de vida já repousava. Chovia frio e carecia-se de calores.
Lembranças das últimas semanas cheias de sorrisos e afetos flutuavam em qualquer lugar próximas à mente involta por aquela estranhesa que crescia desde uns dois ou três dias antes de chegar. Idéias reviradas, questionamentos - e a falta deles e de algumas manifestações - tudo esparramado pelo chão. Das paredes escorriam lágrimas viscosas de incompreensão que se misturavam com migalhas e poeira de emoções momentâneas solidificadas do que foi passado, recente ou nem tanto.
Aspirava, expirava, esperava. Transpirava. A alma redigeria-se e continuava.


Raiva

Essa coisa que está em mim agora, que se manifesta, acredito, em qualquer humano cresce como um cancer. Repugnante, inibe-me. Controla: uma vez que estou raivoso, a teia dos pensamentos-lembraças se incendeia, transformando-se em lenha. Foi a situação de poucos minutos ou a pessoa qualquer que seja, conhecida ou não, amada ou odiada ou indiferente que - oh, infeliz - infeliz e involuntariamente cuspiu uma nuvem negra direto dentro de minha cabeça. Fúria: dane-se um, pro inferno com outro.
Deixe-me sozinho. Música não quero, ler agora também não, nem dormir consigo e propaganda política origatória me irrita mais. Até a droga da caneta está me falhando.
Mente - como a prezo!, precisa mesmo ter esse caos em sua natureza? Ou foi mesmo erro meu não evitar. Só esqueça...

Indiferença

Tua personalidade fútil, hnf, acha que tua luxúria te alimenta
Continua vivo sim, na verdade esteja talvez apenas a existir por estes teus míseros cantos
Tua infame opção, filosofia, estilo ou qualquer coisa que chame
(Considero que ao menos esteja ciente dessa existência)
É repleto de vazios, porém
Perdição, assim como, é divertida e perigosa; vazia
Direito seu, direito meu, repudio e me embriago alguma vezes
Te converter? Te incentivar? Beijar sarcástico tua mente? Não
Indiferença

Problemas

Às vezes acho tudo legal
:problema.

às vezes acho tudo muito ruim
:problema

às vezes não acho nada
:problema

às vezes acho que tudo é problema
:problema

25 de agosto de 2007

Acaso ou o que se quiser que seja

Quantas vezes me maravilho ao meditar sobre a grande rede de fatos e pessoas que envolve e conduz a vida. Sujeitos desconhecidos com quem se esbarra agora e amanhã voltam como grandes amigos ou qualquer outra roupagem aleatória. Amizades, verdadeiros amigos, surgiram inesperados de fatos quaisquer, casuais, assim como uma viagem escolar ou um recado, pois é, na internet.
Tantas existências, cada uma tão complexa como a seguinte enganchadas em círculos e círculos sem mesmo se dar conta ou conhecer os que rodeiam. Um caos organizado que conduz tudo e os seus tudos para uma direção qualquer. Pelo que me contaram e percebi, sempre foi assim em todo tipo de nível. Falo dessa grande criação-mundo-planeta-natureza-biologia-biofesfera-vida-no-mundo-e-tudo-o-mais-que-o-segue. Genial. Brilhante, digo eu, muito bem feito.
Teias do Acaso. Um bonito nome, uma bela crença, mas se assim for, considero eu o Acaso o grande-poderoso-genial deus do tudo. Pode-se chamar o grande Acaso, oh poderoso, de Destino, ou ainda mesmo de qualquer um desses deuses que falam.
Hnf. Que diferença faz. Toda! A crença de cada um vai influir nas suas ações que vão conduzir toda a rede de ocorrencias que se segue. Hnf. Que diferença faz. De qualquer jeito a vida de qualquer um vai ser cruzada com fatos e gente e vai direcionar o rumo que tudo segue.
Predestinação? Livre arbítrio é a resposta. O poder sagrado de escolher entre os caminhos que o Acaso oferece e assim contribuir tanto para o próprio rumo como para o de tantos quantos forem.
De infinitas e infinitas possibilidades - eu falo de lugares, linguas, letras, livros, lps, libertinagem, cores, cheiros, credos, cruzes, cabelos, calores, carros e tudo-o-mais novamente -, uma vida é uma das que poderia ser. A vida, A certa, A melhor. A que tinha que ser sabe-se lá o porquê. Acredito eu.
Graças e Louvores Sejam Dados a Todo Momento ao Santíssimo e Digníssimo Acaso ou O Que Quiser Que Seja.

20 de agosto de 2007

Cara

_Cara, acabou, e agora?
_Compra mais.





...ou pega, consegue, arranja, descola, ou o verbo que se encaixa com a coisa que você imaginou.

19 de agosto de 2007

Ambiguidade e duvidosa

Hipocrisia luxuriada
Normal e despercebida
Te odeio e te adoro
Te dou um tapa e você cospe na minha cara

Por que tem que existir?
Sem você seria mais fácil
Quem sabe mais agradável
Ou então sem graça
Quem sabe desumano

Mas uma coisa eu te digo
Ainda me livro de você
Ou pelo menos te deixo só pra noites de tédio

27 de julho de 2007

Egocentria

Sujo mal feito cara amiga alisada na estrada!

Que?

O vento frio entra, eu acho que pela fresta da porta, pra me gelar os dedos e os pés. O cachecól me esquenta as bochechas. Por um monte de fios me chega aos ouvidos George Harrison, sítara e backwards.

...e sem idéia de como ocupar o tempo o garoto escreve sua pseudo poesia...

ou

...e sem saber como se expressar o garoto esbarra em versos toscos...

ou

...e sem saber o que tem pra expressar o garoto expressa qualquer coisa que sente...


Sobre a cabeça a madruga (dentro dela não sei), sobre meus pés o assoalho aqui de casa, aponta contra o monitor meu nariz. Na internet posso optar por ver tanto senso comum como senso comum do anti senso comum. Putz, em qual eu tinha que me encaixar?

..sem a mínima do noção de porque ainda não foi pra cama, o pseudo poeta coloca uma questão aleatória...


ou

...o poeta amador pensa em algo relevante ao seu meio, e tenta expor a questão aos que se proporem a lê-lo...

ou

...pega no ar o que lembra, adapta, em seguida joga aos leitores a questão sobre a qual meditou mais cedo...


ou não

Fazer poesia pra preencher o tempo? ou fazer Poesia pra encher o VAZIO VAZIU VAZIL? Pelo menos fazer? Ou menos? Ou não.

21 de junho de 2007

Oh, sim

Dançando e cantanto a noite penetrando a música entrando explodindo e levitando sem nada pra preocupar vê os ossos saltitar o esqueto balançar o corpo requebrar o sangue palpitar o coração indicar com olhos a meditar ondas e ondas sentindo o que vem e vai em harmonia tudo é um e um é todo que se pode ser que mais se pode querer?

17 de junho de 2007

Onde fica o próximo bar? Mostre-me

Existencialismo barato à la Dadá
Café e cigarros (denovo)
Mente ociosa ou pensamentos significativos
Fome de mudança ou deixar tudo pra depois
Entendeu mesmo Morrison ou só gosta porque disseram que foi um ícone?
E vale a pena organizar um movimento?
Não é mais fácil ser orientado pelo carnaval?
Se o Pós moderno te deixou um escravo
Seja o melhor escravo que se possa ser
Vale a pena fugir disso?
Não seria tudo tudo uma grande futilidade?
Afinal, qual o ideal?
Alguém liga?
Se o objetivo maior é apenas rir
Ganha quem ri, e perde quem é o motivo dos risos
Muitas interrogações e uma exclamação me palpita o sangue
Não é bem isso...

27 de maio de 2007

Delírio de lírio

Campos de lírio, colher delírio
Colher de lírio nos campos de lírio
Campos de delírio, colher de delírio
Campos de lírio, o trem no trilho
Trem no trilho dos campos de delírio
Campos de lírio e o trem de delírio
Colher lírio na colher de delírio
Colher de delírio no trem de lírio
Trem de lírios nos campos de lírio

22 de maio de 2007

Insenso, café e sono

Insenso, insenso, insenso
Eu durmo, sonho e acordo querendo mais
Insenso, café e chá
Cigarro, café e Bob Dylan
Leio, risco e escrevo
Sono, sono, sono
Olheiras, cabelo sem lavar e reflexo cansado
Fogo no poema dadaista, risadas e amizades
Acordes dissonantes, televisão e céu sem estrelas
Insenso, insenso, insenso
Café, cigarros e preguiça
Sono, sonhos e cansaço
Vivo, morro e continuo continuando querendo e querendo


o meu alter ego anda meio morto desde que me mudei, mas ainda existo

28 de janeiro de 2007

O pobre pensante

Sendo decomposto, vivo, aos poucos pelos vermes do tédio, o pobre pensante ainda quer viver. Observa atento os nós desatados das ruas e os cantos mal pintados das cercas que protegem preciosas vidas, as quais não sabe se são melhores ou piores que a sua. Na angústia que sente, afirmava hesitante que são melhores, pois no seu poço, acha, é difícil descer mais. Tudo faz pensar e nada faz mudar.
Sempre mudo, recrimina-se por pensar tanto e observar tudo; as pessoas mais felizes são as que não vêem que a vida não é boa ou não entendem que poderia ser melhor. Estéril alma presenteada com o dom da reflexão que não sabe achar respostas, e se as acha, não sabe usar. Marceneiro que maneja serrote e martelo e é incapaz de construir um simples baú.
Triste vida a do pensante. Parar de pensar não pode e mudar o jeito de ver as coisas não consegue. Enquanto não se decide, pega todos os dias o mesmo trem, trocando o mínimo de palavras que necessita e achando tudo muito chato.
Sentar no gramando, sentir o vento, apreciar as nuvens - sublimes, saborear o chá, sentir-se anestesiado pela música; é o que alimenta sua pobre alma. Alma essa que não cresce, nem crescerá, se não se levantar e atar os próprios nós, pintar as próprias cercas e perceber que sua vida também é preciosa. Enquanto isso, coitado, fica olhando os pássaros e pensando...

27 de janeiro de 2007

Enforcamento

Entre o limite do lúcido e do inconsciente, com olhos pesados e mente cansada,
sem saber se o que está imaginando é mesmo das linhas que tenta ler
ou fruto do profundo da mente que já revela fantasias dos desejos mudos,
sente-se estremecer e os pés suar, o corpo sem força para a devida atenção
Uma mão balança a cabeça e empurra para um querer sem poder
A visão, já embaçada; as imagens, fora de foco; e o segurar do livro exige mais força que os dedos têm
É o sono amarrando a corda no pescoço, logo logo será enforcado;

Chutado o apoio, assim como caem as pálpebras é derrubado
Mas nenhuma vértebra se rompe e a asfixia do sono não é definitiva
Talvez o laço não esteja tão firme ou a corda não tenha o exigido tamanho
De um susto, volta à linha que não foi terminada
Saber o que havia nas que a precediam, não com o pescoço laçado
Treze meias palavras adiante e outra queda, mais sufocante agora
Chega até a ver personagens sobre quem não lia discutirem sobre algo que pensava
Mas o que vê parece que não agrada, sem saber que as coisas são diferentes quando se está pendurado,
volta a respirar com um gemido involuntário
A execução dessa noite parece não querer proceder, talvez não seja mesmo a hora do pobre coitado;

Confusos os segundos que o laço se desata, o que foi o que não era
Os sentidos aguçados chocam a mente que suspira com dúvida
Levanta-se, a visão escurece e o corpo formiga, sente-se tonto
Mão à cabeça, deixa o livro que ainda segurava na estante
Aos poucos, linhas tomam forma e reconhece no espelho o próprio semblante
Imagina-se livre e acordado e se lança porta afora, impune;

22 de janeiro de 2007

O copo sob o foco

Compramos mais cerveja, pra encher a nossa mesa
De garrafas e de risadas
De histórias das mais canalhas
De soluços e de impulsos
Que seria da nossa mesa, se não fosse essa clareza
Que nos sustenta e nos aguenta
Que mantém nossa amizade de pé em sua base
Faz a gente se dar conta que existe
Qualquer coisa que persiste
Que sempre nos levanta
E depois a gente canta e a gente dança
Já vira história que a gente lembra toda hora
A gente ri e a gente chora
E repete toda hora
E me traz mais uma que aqui só tem espuma

13 de janeiro de 2007

Perdição

Entre, as portas estão abertas
Dentro, você encontrará tudo que sempre procurou
Nada de aborrecimento, nada de tédio
Aqui, você estará salvo e verá florescer um paraíso

No começo, não entederá e se encontrará confuso
Matará toda tua sede em poucos goles
Não sentindo-se satisfeito continurá a devorar tudo o que vier pela frente
O fim parecerá ter chegado inumeras vezes, mas é tudo ilusão
Não existe fim, caso você não pule fora
Mas a simples lembrança do doce deleite te impedirá de não voltar

Por mais que doa por um tempo, por mais que pense em renunicar
A renúncia te custa muito caro, exije tanto coragem como persistência
Persistência, porém, você tem para continuar
Na sua mente, embaralhada, os momentos de êxtase te indicam o caminho mais fácil
E é tão mais fácil quanto prazeroso
Há quem diga que tudo isso é errado, mas errado, pra mim, é vago demais

Sinta-se a vontade, estique as pernas, encha tua xícara
Deslumbre-se da voluptuosidade dessa sala que sempre existirá
Talvez não seja eterno, mas é porque você não dura para sempre
Aqui encontrará muitos dos teus semelhantes
Todos muito bem ébrios ou iludidos
Esses, os eleitos, talvez sejam tua principal razão para ficar

Se em algum momento te encontrar como um criminoso, assuma teus castigos
Se em algum momento te encontrar como pecador, assuma teu purgatório
Sinto informar-te que ninguém pode fazer isso por você

Se te econtrar como ateu ou cidadão honesto, não há do que ter medo
Uma vez que não haja medo, goze até achar teus limites
O limite de tua alma, de tua mente e de tua carne

Tua consciência pode não ser tão útil aqui
Mas se da janela um vento deixá-la pesada, sentirá vontade de respirar o velho ar puro
Vá, mas eu te digo, você volta, pois esse é o teu refúgio
O refúgio de todo o mais que você encara com o olhar do tédio
De tudo o que você acha dispensável e chato mas é, na verdade, o que torna tudo fundamental


É mentira, talvez você saia, pode achar conveniente ou acabar por descobrir-se entediado
- triste parece sim, mas o parecer é também vago -
Pode ser que apenas se perca em cantos mais escuros, ou mesmo que prefira o ar da janela
Há quem prefira assitir tudo da varanda, há quem prefere não assitir
Há ainda os mais tolos, ou mais sábios, que preferem ficar avulsos a tudo
E viver ao perfume das flores e à sombra deitados no gramado
Mas isso, infelizmente, não é para qualquer um;