17 de setembro de 2007

Seja o que for

Sendo o que tinha que ser, acabou sendo o que teria que ser parecendo, porém, que não teria que ter sido assim do jeito que foi
Mas que diferença faz agora que já se foi o que tinha que ser mesmo não sendo exatamente como tinha sido pensado para ser
Numa dessa até mesmo parecendo que não era pra ter sido assim teria que ter acontecido sim desse jeito diferente do que não foi
O que resta é esperar que aconteça outra coisa que seja e que aconteça do jeito que tenha que acontecer sendo do jeito que seja

Sempre contínuo

Olhos pra fora, pés no chão; a claridade. Passos e mais passos, cabeça longe. Rostos e mais rostos, tantas faces e cada uma mais anônima que outra. Vento no cabelo, fumaça nas narinas. Inúmeras direções, mas seguir a rotina sempre, afinal não é tão livre assim. Pronto: senta, ouve, faz o que tem que ser feito e rodeado de faces conhecidas. Risos, conversas e o que for; comer, beber algo talvez, fumaça. Volta se estiver na pauta, senta, ouve, faz. Mais risos, mais alguma coisa pra beber? fumaça...Seguir agora o caminho contrário: rostos, passos, o vento. O sol que subia agora já desce. E se continua fazendo o que se tem que fazer. E continua. E deita e dorme e depois continua. E continua. Cíclico. Contínuo.

Minha camisa

um corte de raiva
e uma faixa de paz
uma mancha de paixão
e um risco de vazio
ferida aberta pingando sangue
atadura nos ossos da pureza
fogo nos olhos
luz no olhar
hipocrisia verdadeira
agressividade passífica
guerra harmoniosa
punhalada suave
desejo simplório

tudo assim, escarlate e alvo
vermelho intercalado com branco
e brancos com vermelhos no meio
sem se misturar separa-os uma tênue linha
linha conceitual imaginaria
compoem assim, em fragmentos
fragmentos e fragmentos

16 de setembro de 2007

Dialeto incompleto

cinzas acendem incertas de incensos sonoros curiosos
a lente da mente é inerente, sente que é regente do eminente
o corpo torto do louco como um porco parece oco e fosco
mas a vida que é lida na corrida torna-se ferida se não for acolhida

meus versos são incertos e nada corretos em meu próprio dialeto incompleto
aliterado e letrado torna-me chocado e amaldiçoado
palavras polidas recolhidas pelas praças aparecem e se trasformam
em qualquer coisa que se cria como se criar e escrever fosse só escrever e criar

Vegetalização

Nada, depois, ah
deitado e respirando e só
preguiça...
televisão, computador
alienação, passiva
tem um incenso aceso
e um cigarro na minha mão
não lembro de ter acendido
nem um nem outro
tinha algumas coisas pra fazer
como escrever versos com mais sentido
mas ah, mais tarde...

12 de setembro de 2007

Situando

O que fazer quando se desata todos os nós
ou talvez se amarram todas as pontas soltas
resolvem-se os conflitos um a um
- se é que se pode
seria o ideal
talvez o ideal momentaneo
Continuar crescendo
por mais estático que seja
não parar
ao som das músicas
que sempre estão tocando

Continuando

Versos gratuitos, sentimentos transcritos
Idéias vazando, sensibilidade alterando
Visão metamosfoseando, metafísca influenciando
Tempo passando, mãos suando
Sangue pulsando e o lápis
palavras palavras palavras

Alma alimentada

Por nada

Meu paradoxo de personalidade, tanto me assusta como me faz rir
Prevista catástrofe pra acontecer ou recente já acontecida,
viro pro lado, ou apenas olho pra cima, e rir
Quando meu mundo está parecendo desabar,
continuo tranquilo ouvindo as músicas de sempre
Se consigo o que tanto queria, volto logo pra minha inércia estática
Busca do meu equílibrio? Virtude?
Quem sabe isso ainda acaba comigo
Ou quem sabe só digo isso pelo meu estado de agora

Alguns segundos

Noite desdobrando, entre quatro paredes brancas
eu apenas comigo nestes segundos
pensando nos versos que pensei na rua e não anotei
quem sabe já pousaram no ombro de outro
três tipos de sorriso e um só é o que me interessa
o que sorrio agora pras paredes,
um sorriso que dou pra mim mesmo
sem saber se sei o motivo
sem definir se estou do tamanho da paz
mas a paz está do seu próprio tamanho
tanto ela como eu vivendo nossos longos segundos iluminados

4 de setembro de 2007

Indiferença, raiva, morbidez, efemeridade, fragmentos

Morbidez

Moscas voando sobre o lixo, fumaça pairando sobre o ar - frio e sem vida. No ambiente a bagunça, as coisas que vão ficando pelo caminho e as que se entulham na mesa. Indiferente, o relógio fica anunciando que não vão sobrar muitas horas para o sono. Poderia-se aproveitar para sonhar antes, naquele qualquer mesmo, mas uma falta de vida já repousava. Chovia frio e carecia-se de calores.
Lembranças das últimas semanas cheias de sorrisos e afetos flutuavam em qualquer lugar próximas à mente involta por aquela estranhesa que crescia desde uns dois ou três dias antes de chegar. Idéias reviradas, questionamentos - e a falta deles e de algumas manifestações - tudo esparramado pelo chão. Das paredes escorriam lágrimas viscosas de incompreensão que se misturavam com migalhas e poeira de emoções momentâneas solidificadas do que foi passado, recente ou nem tanto.
Aspirava, expirava, esperava. Transpirava. A alma redigeria-se e continuava.


Raiva

Essa coisa que está em mim agora, que se manifesta, acredito, em qualquer humano cresce como um cancer. Repugnante, inibe-me. Controla: uma vez que estou raivoso, a teia dos pensamentos-lembraças se incendeia, transformando-se em lenha. Foi a situação de poucos minutos ou a pessoa qualquer que seja, conhecida ou não, amada ou odiada ou indiferente que - oh, infeliz - infeliz e involuntariamente cuspiu uma nuvem negra direto dentro de minha cabeça. Fúria: dane-se um, pro inferno com outro.
Deixe-me sozinho. Música não quero, ler agora também não, nem dormir consigo e propaganda política origatória me irrita mais. Até a droga da caneta está me falhando.
Mente - como a prezo!, precisa mesmo ter esse caos em sua natureza? Ou foi mesmo erro meu não evitar. Só esqueça...

Indiferença

Tua personalidade fútil, hnf, acha que tua luxúria te alimenta
Continua vivo sim, na verdade esteja talvez apenas a existir por estes teus míseros cantos
Tua infame opção, filosofia, estilo ou qualquer coisa que chame
(Considero que ao menos esteja ciente dessa existência)
É repleto de vazios, porém
Perdição, assim como, é divertida e perigosa; vazia
Direito seu, direito meu, repudio e me embriago alguma vezes
Te converter? Te incentivar? Beijar sarcástico tua mente? Não
Indiferença

Problemas

Às vezes acho tudo legal
:problema.

às vezes acho tudo muito ruim
:problema

às vezes não acho nada
:problema

às vezes acho que tudo é problema
:problema