14 de outubro de 2007

Chuvinha promíscua e uma série e coisas

Ir a um bar sexta a noite assistir uma banda que nunca haviamos visto; nada assim que soe täo diferente afinal. Fecho o portäo de casa e é quando começa a cair uma chuvinha promíscua. Correndo de cobertura em cobertura, percebo as gotas cairem com mais intensidade e velocidade. Num aconchegante abrigo sob a marquise e usando a chuva como desculpa, fumo um cigarro para depois correr até a porta do bar que sou praticamente vizinho - näo acredito passar de dez os minutos de caminhada lenta. Chegar molhado näo é muito conrtável, mas, enfim, encontrei os três que deveriam estar lá. Uma mesa no fundo? Esta mesa é alta. Olha só, vagou uma na frente. Mesa grande, fica ruim conversar. Percebem que as cosias mudaram dos tempos pra cá? As conversas näo tem a mesma fluidês e espontaneidade que costumavam ter. Espero, penso, näo estarmos nos tonarnando chatos. E que noite estranha se tornou, concluíamos de tempo em tempo até ter nas risadas da tarde seguinte a confirmaçäo. Olhava aos redores desde que cheguei e mesmo insistindo näo enxergava nenhuma pessoa que realmente existisse. Todos ali eram estranhos anônimos - mais tarde alguns mostrariam näo ser de mal gosto. Três uísques e um vinho para mim - um vinho tinto, näo seco! ora, dane-se, ou melhor, beba-se. Algumas cervejas depois a banda sobe ao palco - já conhecemos esse palco, várias vezes hä. As primeiras músicas soaram estranhas, foram umas três. Mas logo explodiram algumas velhas conhecidas, nostalgia comum de quem gosta de velharias. Desculpem os que estavam atrás de mim, mas näo consigo ficar sentado e ouvir Led Zeppelin ao vivo; säo forças opostas. Fiquei simpático àquelas pessoas, baixo, bateria, guitarra e vocais, täo cru e täo groovy. Tocar Doors? Sim, foi o riff mais comum de se ouvir em bandas que tocam covers tocarem dos Doors - mas mesmo assim uma ótima música, ótima. Mas näo, ela se desculpou, cantar Morrison ela näo conseguia. Verdade. Doors cheira à melancólico caos existêncialista trascendental. Melancólico caos existêncialista trascendental com garotas. Näo era noite de Doors. Deixando-os para outras noites, o groove teve seu clímax - ou eu com o groove. Workin from seven...to eleven every night, it realy makes life a drag...quem conhece a música sabe como ela é profunda, e eu sempre me perguntei por que ninguém nunca tocava, pois é, enfim, tocaram. E o Led Zeppelin brasileiro? Elis Regina? Bom, se ela diz...você näo sente näo vê que e eu näo posso deixar de dizer, meu amigo...palmas urros. Noite se passa, rock and roll e risada. Näo, acho que ainda näo viramos chatos, enquanto ainda estivermos vivos pra esse tipo de coisa estaremos salvos. Bom as estranhezas näo ficaram bem explcítas, mas melhor deixar o velho desconfiado, a cantada relâmpago, aquela estrada de barro - näo demoramos tanto näo é mesmo? ou será que foi só impressäo - e os policiais aleatórios - na verdade näo foram eles os aleatórios - para quem tava lá, e para se lembrar muitas e muitas vezes em rodas de cerveja.

O resto do feriado näo foi täo produtivo e a chuva ficou mais promíscua trancando todos em casa. E outra vez, como se numa rotina espaçosa, acaba-se um encontro com o velho mundo, onde nos reunimos como costumavamos fazer, de uma forma cada vez diferente. Sempre nos renovando, sabe-se lá como estaremos amanhä, mas que tenhamos piedade e näo deixemos certo hábitos mutáveis acabar.

6 comentários:

  1. Axo q não estamos ficando chatos não.
    Talvez uma pequena mutação à situação, axo q agente nao está acostumado a morar um em cada canto. Mas esse fds não deixou de ser legal, a banda foi nostálgica, os papos nostálgicos o fim da noite na estrada terminou nostálgico. A chuva sempre traz nostalgia, pelo menos pra mim.

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  2. Anônimo11:33 PM

    Nostalgia...
    acho que é uma das palavras que mais repetimos em nossas conversas nostalgicas.

    Não somos mais os mesmos, infelizmente o tempo não para, se ao menos pudessemos diminuir sua velocidade, mas não podemos.

    Cada um segue seu caminho, mas com certeza os melhores momentos eram aqueles passados em frente à encrusilhada.

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  3. sabe sujeito, a chuva quando cai, traz algo carregado, que não se explica: se sente.

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  4. sabe que às vezes leio suas coisas e fico pensativa. hoje fiquei pensando em como seria conhecer mafra. fico pensando que é uma espécie maluca de sociedade alternativa. depois desse texto eu tenho quase certeza!

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  5. na verdade, o texto era sobre mim mesma. umas duas fernandas que andam juntas, sabe?
    o título "guerra fria" era pra ser uma alusão à bipolaridade, saca?
    mas era pra confundir com amores passados mesmo. ;]

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  6. O que algum tempo era novo, jovem, hoje é antigo; e precisamos todos rejuvenescer.

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