30 de novembro de 2008

retoque

leve como vento
me leva como ar
de olhar atento
tudo breve

enfim que troque
esse rock
som afim
assim que toque

que diferença traz
todas nossas palavras
se poesia que o silencio faz
que me deixa em paz

28 de novembro de 2008

me chamam de confuso
me chamam de babaca
querem me dar um tiro
querem que eu acorde cedo
que eu quebre um galho em troca de cerveja
que eu pense tudo denovo antes da certeza
que escute o que tem pra falar
que eu fale o que tem pra escutar
que eu gere alguma fofoca nova
que eu me dê bem na prova
que eu seja criativo
não seja impulsivo
que me desbobre e termine
aquelas idéias do zine
que eu não me molhe
que eu arrume a casa
que eu organize o meu tempo
querem que eu decida minha vida
que é passagem só de ida
e fico só querendo saber
o que eu quero querer
maldita página em branco

19 de novembro de 2008

reticências entre poemas

E se chegasse do nada um sujeito
e te convidasse pra entrar em sua vida?
Se o que tenho agora potencializasse seu efeito
abordaria alguma garota charmosa e desprovida
de qualquer defesa
e que com sutileza
me chamaria de louco
- pra este estado me falta pouco
Parei um tempo pra pensar
e pensei demais
acabei olhando pra trás
e criei mais um drama
vi você fora da minha cabana
descobri que não sou o rei dos trovões
e nem de porcaria nenhuma
Tenho diante de mim três opções
exitando escolho uma
Caí na encruzilhada sem querer
sobre você não sei se tenho poder
pior, não sei se tenho algum direito
a outra, não sei o que deveria ter feito
Sobrei aqui sem jeito
sujeito à tempestade
desde a hora que o sol quase nasceu
e meu peito estremeceu
perdi de vez qualquer majestade
prum amigo lacrimejei verdade
Eu que desejei aos céus não mais me apaixonar
nadei em seco, sóbrio e agora cogito
por uma paixão molhada pra me embriagar
e redundante, meus erros repito
sem saber pra que lado olhar
que boca procurar
e porque diabos meu coração palpita
com medo que tudo se repita

...

Me cansei de coisas sem fundamento
E estremeço se ouço meu lamento
Engraçado como alguns versos me levam ao papel
enquanto com a razão sou infiel
Desenlucidei, mas ainda não me apaixonei
Nunca tinha entendido o porquê
Mas pode ser que a razão seja você

...

E agora não paro de escrever
assim consigo pensar mais devagar
a velocidade da caneta me organiza a cabeça e me acalma o coração
Quando sem querer acontece o que não quero ver
me bate no peito um ar de azar
E agora, o que vai ser, rapaz? outra dose de nada
ou mais um poema pra consolar?

...

Risco e rabisco, mas nunca quero completar
quando chego perto arrumo algo pra bloquear
Não arrisco e nem resisto, não quero me queimar
Cuidado meu amigo, que você morre sem amar

...

Vai dar uma volta por alguma rua
aproveita pra admirar a lua
e na volta me traz uma resposta
que não aguento a agonia dessa aposta
larga essa mania de rima que não leva a nada
e mergulha em algo mais concreto
que possa se agarrar
ou quem sabe algo mais fonético
pra que possa flutuar

...

Vai logo e acaba com essas folhas
expurga todo esse mal
escarra todos os versos que tragou na rua
com a conversa da garota que ficou nua
ou a promessa de ir pro mato
Mata essa vontade, larga a vaidade
me encontra uma verdade
quem sabe se encanta em um canto
lá pra fora da cidade

...

Estou ficando surdo com o coração inquieto
com vozes me berrando em dialeto
com essa sensação de continuar incompleto
que angústia, que prisão
meu passo não firme, não tenho mais direção
me perdi na estupidês
no estado de embriaguês
quem vai entender do que falo
sem perder algum detalhe
se me entende digo que mente
que nem sei eu de quanto isso vale
no meio de tanto pensamento sou eu
quem eu quero que me escute
e dane-se a métrica e dane-se a rima
dane-se a obra-prima
no meio da fossa quero só resposta

...

Pega um pedaço e joga pro espaço
a caneta não faz barulho e nem fala no escuro
Pega um fragmento e joga contra o lamento
é ferro no cimento
Solta faísca e explode em estilhaço
Fere minha pele e me lembra que não sou de aço
sinto falta daquele abraço
de um calor humano longe desse sentimento mundano
longe das palavras rebuscadas e
piadas mal interpretadas
e agora bixo, te conto como isso me consome
e só falando de forma mais clara que você percebe
De repente tudo que havia se some
e a cabeça deixa de estar leve
com o peito pesado
tecendo novos planos
sinto a força do passado
que nos abate enquanto vegetamos

...

11 de novembro de 2008

nunca se perdeu tanto tempo
discutindo sobre o tempo
nunca pensamos tanto em espaço
perdendo tanto espaço
mas há tempo somos prolixos
sem nada pra dizer

continuamos sedentos
sem saber o que querer
perdidos sem querer
estupefados sem saber
e gastando o tempo
só pra passar o tempo

acusa pra não carregar culpa
aponta pra sair da ponta
e lavamos as mão pra tanta sujeira
enquanto rimos de toda essa grande besteira

6 de novembro de 2008

voz

mesmo que eu dominasse a lingua dos monstros
ou fosse capaz de produzir esses estrondos
não acataria essa sua mentalidade hostil
ou partilharia do espírito vil

mesmo que não faça sentido me dar ouvido
ou que essa experiência não tenha coerência
tudo que se fale de algo vale
mesmo que seja capricho ou vá pro lixo

me acusa de subversão porque meu discurso não tem inteção
e eu me pergunto o que esotu fazendo
e se não estou me contradizendo

é uma pena que a verdade não seja assim tão plena
pensando bem, vou mais além
por nosso conflito é que existo