16 de novembro de 2007

Pulsante

os ventos infames faziam ranger
qualquer coisa que sofria barulhenta num canto escuro
a noite havia vestido seu pijama
tudo o mais aos arredores adormecido em tédio,
marasmo de gosto amargo
de súbito o sentido da correnteza altera-se
ascende-se uma fagulha prestes a incendiar
pólvora que carrego sempre comigo

mergulho atroz na atmofesra inerte e congelante
e parece mesmo que não é fora que estão as coisas
conturbados momentos solitários
rumo ao que está mais ao fundo
e contorse ancioso por liberdade
e lutando com algo intruso que implantou-se clandestinamente
a própria liberdade batendo asas para voar
e gritando versos contra o vento que rasga a face
num gracioso conjunto de paços de dança
a Lua não pode ser testemunha
quando a sombra atingiu incríveis sete metros de comprimeto
ou quando acompanhou-me em divino ritual de libertação
botões, moedas, chaves e o amuleto
tornaram-se o chocalho da cauda da serpente
enquanto minha face refletida na janela
soprou-me novas verdades e semeou algo novo em sob minha pele
que agora começa a correr esquentando meu sangue
e ferve enquanto passa pelo miocárdio

Nenhum comentário:

Postar um comentário