26 de março de 2008

Chora

Chora, algo te corroe e precisa sair
Expele as lágrimas e o que conseguir
Quis ouvir gritar
Mas você não sabe expressar
Não entendo o olhar
Mas você vai ver devagar
O vazio sem o que já chorou
Enxendo com algo que ainda não experimentou

21 de março de 2008

Tudo Rodando

Como se acordasse perturbado no meio da madrugada
numa das que resolveu por fim descansar o corpo
Irrompe-se repulsivamente à velha morbidez
de ser intruso e saudoso furtivo contra a vontade

Mas Vontade é Efêmero e Desejo e Vontade e mata-se

Se não matar vai morrer, Se não matar nunca vai viver

Tudo que é banal e superficial, Afinal, emerge do Visceral

(tem gente dizendo que é pra ficar por cima
mas eu to querendo arrancar o que tem por dentro
estão dizendo pra olhar e falar, estão ordenando
mas eu desobedeço e fecho os olhos em silêncio)

Algo Maior Envolve Tudo O Que É Menor

No silêncio dos corações serenos é que se grita

Aquilo da Vida que Transcende e Apreende


Suas brigas pessoais e psicológicas angustiam e desesperam
Insiste na briga, passividade costumeira é a pior fogueira
Até o Medievo findou-se, e cíclos cíclicos circulam sempre
Se não me entendes é porque nem eu sei o que se passa

A chuva existe igual sempre e sempre ecoa em meus rios
E traz alguma lembraça nova, florescendo o que regar
Mas a cabeça e o espaço, tão confuso, que eu nem sei pensar
Dou-me dois segundos eternos e retorno a teus làbios macios

14 de março de 2008

O que quer que haja

brilhou no céu a madrugada
e ela não está mais acordada
não esqueci daquele vento soprado
por mais que permaneça calado
silêncio que borbulha as cabeças
a flor, das cores não te esqueças
há de desabrochar se os olhos fechar
disparadas flechas a flertar
não sou lógico, sou empírico
sou abstrato e assim me trato
instintivo e não tão explícito
deixar permear espessa camada
fazer receber poesia declamada
as palavras estão aqui
e o sentido está aí
se vazio isso está soando
quem sabe dos versos já fala
vazio não se completa falando
e nem cabe dentro daquilo que cala
lembras da chuva singela?
que cai no chão ou na janela
aquelas poças já são vapor
agora a flor exala seu odor
suave perfumado explendor
transpiro algo mais quente - eminente
também sente o sangue corrente?