28 de julho de 2009

de noite me deitei mais cedo e
levei pra cama comigo
meu caderno e mais dois livros

joguei fora a água parada e
deitei com outro cobertor
de baixo da luz apagada

fiquei aceso com o abajur e
com uma madruga (começando) molhada
pensando em me mudar

tempo que não muda: já estou ficando nublado
tendo que guardar chuva, já que a descarga da latrina tá quebrada
(sempre achei da latrina e quis dar descarga nas coisas de ordem prática)
e agora? prestes a talvez mudar de vista de janela de piso de sofá de pia geladeira azulejo estampado e uma porção de coisas que nunca precisei
mas que começam a fazer falta
que impasse: me apego fácil
gosto de ficar
sentado e
me acostumar

essas coisas nem são minhas;
então vou talvez guardar as coisas na mala (as minhas)
ir usando meus dias pra me desapegar
matar saudades do que ainda não me distanciei

fiquei na penumbra e esqueci
que posso me deixar em qualquer lugar
já que moro dentro de mim

15 de julho de 2009

amanheci com gosto de noite
sem precisar dizer que,
sem vontade de dia,
a tarde me puxou
depois de matar a manhã
e, devidamente despertado,
me obrigo a parar a madrugada.
Rotina ingrata.