19 de novembro de 2008

reticências entre poemas

E se chegasse do nada um sujeito
e te convidasse pra entrar em sua vida?
Se o que tenho agora potencializasse seu efeito
abordaria alguma garota charmosa e desprovida
de qualquer defesa
e que com sutileza
me chamaria de louco
- pra este estado me falta pouco
Parei um tempo pra pensar
e pensei demais
acabei olhando pra trás
e criei mais um drama
vi você fora da minha cabana
descobri que não sou o rei dos trovões
e nem de porcaria nenhuma
Tenho diante de mim três opções
exitando escolho uma
Caí na encruzilhada sem querer
sobre você não sei se tenho poder
pior, não sei se tenho algum direito
a outra, não sei o que deveria ter feito
Sobrei aqui sem jeito
sujeito à tempestade
desde a hora que o sol quase nasceu
e meu peito estremeceu
perdi de vez qualquer majestade
prum amigo lacrimejei verdade
Eu que desejei aos céus não mais me apaixonar
nadei em seco, sóbrio e agora cogito
por uma paixão molhada pra me embriagar
e redundante, meus erros repito
sem saber pra que lado olhar
que boca procurar
e porque diabos meu coração palpita
com medo que tudo se repita

...

Me cansei de coisas sem fundamento
E estremeço se ouço meu lamento
Engraçado como alguns versos me levam ao papel
enquanto com a razão sou infiel
Desenlucidei, mas ainda não me apaixonei
Nunca tinha entendido o porquê
Mas pode ser que a razão seja você

...

E agora não paro de escrever
assim consigo pensar mais devagar
a velocidade da caneta me organiza a cabeça e me acalma o coração
Quando sem querer acontece o que não quero ver
me bate no peito um ar de azar
E agora, o que vai ser, rapaz? outra dose de nada
ou mais um poema pra consolar?

...

Risco e rabisco, mas nunca quero completar
quando chego perto arrumo algo pra bloquear
Não arrisco e nem resisto, não quero me queimar
Cuidado meu amigo, que você morre sem amar

...

Vai dar uma volta por alguma rua
aproveita pra admirar a lua
e na volta me traz uma resposta
que não aguento a agonia dessa aposta
larga essa mania de rima que não leva a nada
e mergulha em algo mais concreto
que possa se agarrar
ou quem sabe algo mais fonético
pra que possa flutuar

...

Vai logo e acaba com essas folhas
expurga todo esse mal
escarra todos os versos que tragou na rua
com a conversa da garota que ficou nua
ou a promessa de ir pro mato
Mata essa vontade, larga a vaidade
me encontra uma verdade
quem sabe se encanta em um canto
lá pra fora da cidade

...

Estou ficando surdo com o coração inquieto
com vozes me berrando em dialeto
com essa sensação de continuar incompleto
que angústia, que prisão
meu passo não firme, não tenho mais direção
me perdi na estupidês
no estado de embriaguês
quem vai entender do que falo
sem perder algum detalhe
se me entende digo que mente
que nem sei eu de quanto isso vale
no meio de tanto pensamento sou eu
quem eu quero que me escute
e dane-se a métrica e dane-se a rima
dane-se a obra-prima
no meio da fossa quero só resposta

...

Pega um pedaço e joga pro espaço
a caneta não faz barulho e nem fala no escuro
Pega um fragmento e joga contra o lamento
é ferro no cimento
Solta faísca e explode em estilhaço
Fere minha pele e me lembra que não sou de aço
sinto falta daquele abraço
de um calor humano longe desse sentimento mundano
longe das palavras rebuscadas e
piadas mal interpretadas
e agora bixo, te conto como isso me consome
e só falando de forma mais clara que você percebe
De repente tudo que havia se some
e a cabeça deixa de estar leve
com o peito pesado
tecendo novos planos
sinto a força do passado
que nos abate enquanto vegetamos

...

2 comentários:

  1. Anônimo1:48 AM

    Bic sobre papel, levemente alterado ao ser transcrito.

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  2. sem palavras. elas são insuficientes.

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